10 maio 2015

antónio franco alexandre / todos os pecados hoje, nenhum falta



todos os pecados hoje, nenhum falta
ao seu orgulho de água e alavanca. assim
é fácil sob a cortina
o ouvido confessional;

paisagens tão marítimas que um dia
será tarde e nunca os automóveis
passam sem o leve
assobio dos pinhais;

vantagens conseguidas palmo a palmo,
vinhas, o trigo, lã, comércio
de pimentas absortas,

e não obedecer. assim desejo
o seu olhar retido nas imagens,
a sua fonte de lazer, pecados.

  
antónio franco alexandre
poemas
assírio & alvim
1996



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