25 agosto 2015

glória gervitz / migrações (fragmentos)



                         Recomeço
Não é na obscuridade da fé
É na dúvida
 
Porque não chove?
Jamais regressarei
E o aqui vivido perder-se-á para sempre
 
Lá fora o ar enfraquece
                             O Verão começa a apodrecer
 
Não se pode falar do que realmente importa
Arranjava-se como quando era rapariga
                    As sobrancelhas desenhadas a lápis
                    A boca muito vermelha entre as rugas
 
Serei eu essa mulher?
Era ainda quase jovem com medo de não ser ninguém
E o desejo era monótono e negro com uma caixa
          de laca chinesa




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