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01 julho 2023

antónio pedro / igual

 
 
Eu já nem sei quem sou. Se o soube um dia
Foi um engano leve de momento:
Vi através de mim um pensamento,
E imaginei que já me conhecia.
 
Eu não sinto na alma um só tormento,
Nem a dor – é mentira – me assedia,
Só uma calma imensa anestesia
O meu crime maior: o sentimento.
 
E eu posso lá dizer que sei quem sou!
Nunca mudei, a vida não mudou.
Eu hei de ser eternamente igual…
 
Nasceu a minha mágoa só de mim…
A minha vida há de seguir assim
E hei de ser sempre o mesmo por meu mal!
 
 
 
antónio pedro
exílio d’ alma
poesia (1926-1929)
edições cosmorama
2016
 



26 janeiro 2023

antónio pedro / devagar

 
 
XIX
O silêncio tem coisas complicadas!
– Ando perdido à roda de mim mesmo
Em horas demoradas…
E os mortos são a esmo
De mãos dadas…
 
Caio dentro de mim como dum poço!
(Enão há nada apenas porque há tudo)
Não adivinho nem ouço,
Somente sinto macio…
 
Que é o silêncio, um vazio
Poço
De veludo.
 
 
 
antónio pedro
devagar 1929
poesia (1926-1929)
edições cosmorama
2016
 




03 agosto 2022

antónio pedro / distância



 

XXI
 
Sei lá das coisas perdidas!
Sei lá das coisas ganhadas!
– Sei das sombras esmaiadas,
Sempre em mim anoitecidas.
 
– Sei dos sonhos que me embalam,
E que me fazem chorar,
Sei dos mortos que me falam,
Sei das imagens do ar.
 
– Não sei de mim, nem me importa,
Nunca soube de ninguém!
Sei do luar à minha porta,
Sei d´Ela que me quer bem!
 
… O resto pouco me importa,
Que o descubra quem n’o tem
 
 
 
antónio pedro
distância 1928
poesia (1926-1929)
edições cosmorama
2016

 


 

01 novembro 2018

antónio pedro / poema




Os homens que fazem jazigos também cantam de manhã… e os jazigos envolvidos na cantiga têm um ar acolhedor, burguês e confortável…

Não te ocupes daquilo que está à tua volta, nem daquilo que à tua volta é um símbolo de outra coisa: nada tem símbolos e tudo é a sua própria definição. Não queiras saber das coisas à tua volta: elas são o seu porquê – adora! – e que o gosto de olhá-las te seja tão suave e sagrado como uma bênção!

– Vê como é tão simples a mote, e tão inúteis os mistérios insondáveis numa manhã de sol!



antónio pedro
antologia poética
obras clássicas da literatura portuguesa séc. xx
edição de fernando matos oliveira
angelus novus, editora
1998








17 junho 2017

antónio pedro / se houve engano de olhos



Se houve engano de olhos,
Nunca esta alma minha
Se levou dos olhos,
Bem amada minha.

Olhos de alma, claros
Pela tua graça
E onde o teu sorriso
Namorado passa.

- Meu sorriso, aberto,
Porque é derradeiro,
Este foi, decerto,
Meu amor primeiro.




antónio pedro







28 dezembro 2016

antónio pedro / poema inicial



I
A espuma do mar
Arrenda-me a sombra
Na areia molhada.
Ecoa nos gritos
Dos pássaros soltos
A voz que afogaram.
Quem mede os segredos
Da mata em que dói
Nasceram-me os ramos
No corpo que a é?

Assim porque sou
Princípio do mundo
Na tábua do barco
No seixo da roda
Na pedra do barro
No ovo da angústia
No parto dos peixes
Vivíparos e ainda
Na primeira mamada
Do cabrito ali

A minha sede antiga
É como se fosse
Pela primeira vez.


antónio pedro
antologia poética
obras clássicas da literatura portuguesa séc. xx
edição de fernando matos oliveira
angelus novus, editora
1998



06 maio 2016

antónio pedro / maresia



Neste mar à minha frente
O sol repousa e os nossos olhos dormem…

– Caem saudades mortas como chuva miúda,
Ou sobem, trémulas, como o vapor das algas,
Ou ficam, extáticas como um bafo de areia,
Calmas, sobre a paisagem,
Como um véu de cambraia deixado…

Não sei se é o calor das algas,
Se é o bafo da areia que baila,
Ou se é a chuva miúda que cai neste dia de sol
Como um véu de cambraia deixado,

Sei que me lembram os signos do zodíaco
Em boa caligrafia,
Uns signos como nem sequer eu tinha imaginado!…

E este calor que dimana da terra e nos confunde com ela,
Nos aquece as pernas de encontro à areia, numa vida exterior
Com mais sangue que a nossa e, sobretudo, cheia
Duma inconsciência que não se parece com nada,
Esta respiração pausada como as ondas, de trás para diante
Fazendo, lentas, e desfazendo
A mesma curva humaníssima e sensível,
Faz-me escrever, devagar, e com letra de menino pequeno
Sobre o chão acamado, esta palavra

AMOR.


antónio pedro
a rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001



07 outubro 2015

antónio pedro / narciso

  
                Não me crio nem me invento, aceito-me como sou na minha humanidade… e com nervos, com músculos, com as voltas do cérebro para imaginar e as voltas dos intestinos para a vida, dentro das voltas da vida, não como se andasse sozinho, mas torto e acompanhado, triste e com a pele alegre de olhar os outros e de sentir o vento através da camisa e sobre as pálpebras fechadas, como nas tardes de moleza em braços de mulher.
                Faço dos meus joelhos escada para os meus ossos, e em tudo de cima é que ponho a minha carne cheia de cerebrosinhos à flor da pele, tal como nasci.
              Por isso, Narciso pelos meus dedos, sinto-me a vida que tinha de viver, e gosto dos meus olhos – segredos duma alcova aonde me possuo.

quási canções
1932



antónio pedro
antologia poética
obras clássicas da literatura portuguesa séc. xx
edição de fernando matos oliveira
angelus novus, editora
1998




15 março 2015

antónio pedro / ode

     

                ao almada negreiros

  
  Maravilhosa plástica das coisas!
  Tudo no seu lugar, as cores e os olhos
  Lá no lugar de cada coisa, a vê-la
  Com seu aspecto natural e próprio.

  (Tudo para cada um, na variedade
  Dos olhos de quem se admite na paisagem,
  Ou como espectador,
  Ou como actor,
  Ambas as coisas uma, no concerto
  Magnífico do mundo.)

  ...Sem memória, ou com memória a sê-la
  Nos olhos a olhar completamente
  Sem nenhum pensamento reservado:

                      - Olhos dados a cada coisa, ou tida

                      Cada coisa p'los olhos que se deram!...

  Vaivém de tudo e nada, desse nada
  Profético de tudo - e o tudo enorme
  De cada nada afeiçoado e olhado
  À feição de quem olha possuindo
  E possuído, na maravilhosa
  Cópula grande dos Artistas todos...

  Maravilha de ter-se e ter-se dado,
  Em cada olhar olhado,
  E em cada cor e em cada flor mantido,
  Bolindo e vendo
  O sonho de se ir tendo
  Realizado.



antónio pedro
antologia poética
obras clássicas da literatura portuguesa séc. xx
edição de fernando matos oliveira
angelus novus, editora
1998




26 dezembro 2014

antónio pedro / devia haver livros de racionamento mesmo para o entusiasmo


 (único poema de guerra)


As prostitutas mijaram na soleira da minha porta
E as escada cheirou a guisado até ao último andar
O ritmo dos aviões acomodou-se ao prestígio da noite
E encheu-me de intermitências
Alguém desfolhou um dedo como uma tulipa
Mas tiradas as pétalas e as sépalas
Em vez do androceu e do gineceu
Havia lá dentro uma pobre lua de pé
Como a chama gelada de uma candeia.

Quem é? Quem é aquele homem?
Quem é aquele homem que vai pela estrada fora
Decididamente
E quando acaba a estrada e o precipício se desenha como um U
Desce e sobe o U do precipício
Imperturbavelmente
E atravessa a água do rio e sobe a catarata
Ao contrário da corrente
E percorre os cinco diques do navio que puseram ao alto da água
Para a lua de mel dos turistas americanos
E depois molhado e violento faz mais mil e duzentos e vinte e dois atalhos e
                                                                       [caminhos
E só ao chegar finalmente à cabine do elevador no sétimo andar
Do bloco de flats de que percorrera gloriosamente todos os pisos e recantos
Sentiu que era inútil e desnecessário qualquer esforço
E chorou feio como um anúncio de limonadas?

V.D.
A sífilis não se contagia pelo ar
Como a gripe e o sarampo
Segundo dizem a experiência e o Senhor Ministro da Saúde
Do governo de sua Majestade
A sífilis contagia-se pelo olhar de certas velhas moralistas
Com óculos e barba
Anda no pêlo ratado de certas raposas de mendiga
Mas pode produzir frutos admiráveis
Tem de ser cultivada cuidadosamente num vaso
Tem de ser bem regada e bem coberta cheia de emanações.
Mas isto não diz o Ministro da Saúde do governo de sua Majestade
No anúncio do jornal
Porque é segredo de guerra agora
E na hora da nossa morte
Amen

Os olhos dos buses de Londres
São fixos e frios como o dos peixes mortos.

Era muito mais sensacional
Tremer a pálpebra aliciadoramente a qualquer olho dum bus
Que tenha-se publicado em vinte volumes
Mais de vinte mil discursos do senhor Winston Churchill
Aos vivas ao Franco como não vem nas caricaturas
Vestido de caixa de charutos
Todo Joly good fellow.

Anda no ar um rodopio do vento
Como uma interrogação neste calor de Maio

Acabem lá com isso dos alemães e da guerra
E ponham taipais na Europa
"PARA CONSERTAR"


Londres, Maio de 1944



antónio pedro
antologia poética
obras clássicas da literatura portuguesa séc. xx
edição de fernando matos oliveira
angelus novus, editora
1998




08 setembro 2014

antónio pedro / nem sempre ao poeta apetecem as estrelas




Apetece-me não sei porquê uma história de formigas
De formigas assexuadas negras nítidas e rápidas
Com olhos fantásticos colhendo miríades de imagens
E inúteis os olhos das formigas
Desenhadas como um oito ou como um sinal de infinito
Muitas corteses atarefadas prejudiciais
Clericais sociais subtilíssimas pequenas
Formigando no chão
No chão onde florescem os cardos e as cores
No chão onde assenta a carne ansiosa das mulheres
E os joelhos dos homens
No chão onde ecoa a voz repugnante dos pregadores
E a voz das juras e dos negócios
No chão onde cai o suor dos aflitos
E o suor dos amorosos
E o suor dos operários
E o suor dos gordos
No chão onde andam os pés e estalam os escarros
No chão das guerras e das famílias correctas
E dos vazadouros e dos jardins
E do pus verde dos mendigos
E das chagas rendosas e das rendas custosas
E das doidas furiosas
E das rosas
E das airosas e das feias e dos bispos e dos triunfadores
E dos cretinos e das viagens
E dos remédios e dos males
E das vertigens e dos abismos
E das cismas
E dos sismos
E dos vermes do ventre e das sonecas
E dos ludíbrios e dos hábeis
E da força dos garantidos
E das sementes

Apetece-me não sei porquê uma história de formigas
A grande invasão das formigas multiplicando-se
Cobrindo a face da terra e a dos homens e a das mulheres
Entrando-lhes pelos narizes para roerem os olhos por dentro
 E fazendo bulir as coisas mortas e as vivas
Com o espantoso treme-luz irisado e magnífico
Dos seus reflexos negros a substituírem todas as cores

Na grande montanha uma mulher enorme
Nua e infame
Tem as pernas escachadas sob as pregas do ventre
E sob as pregas do ventre seu sexo negro
É o grande formigueiro do mundo


Vive?


As formigas esvaziaram-se da enxúndia e substituíram-na
Só lhe deixaram a pele por fora para ainda haver branco visível
E com pêlos ampliados excitados e crescentes
Cobriram e desceram o vale
Enroscaram-se nas árvores
Desinquietaram a placidez das pedras
Forraram as aldeias e as cidades
Os animais e os homens

Que é dos ciúmes e das angústias?
Que é do amor e das palavras?
Que é das carícias e dos dentes?
Que é das renúncias e dos crimes?
Que é das tentações
Das promessas
Dos desejos
Dos apetites
Das fúrias?
Que é de todas as músicas?
O sol inútil cobre um mar negrejante onde reflexos são como os
          olhos das
moscas
E um silêncio tremendo finge de paz no mundo
Uma paz de silêncio com formigas


Formigas
Formigas
Formigas
Formigas




antónio pedro
a única real tradição viva
antologia da poesia surrealista portuguesa
de perfecto e. cuadrado
assírio & alvim
1998





24 novembro 2011

antónio pedro / protopoema da serra d’arga




Sonhei ou bem alguém me contou
Que um dia
Em San Lourenço da Montaria
Uma rã pediu a Deus para ser grande como um boi
A rã foi
Deus é que rebentou
E ficaram pedras e pedras nos montes à conta da fábula
Ficou aquele ar de coisa sossegada nas ruínas sensíveis
Ficou o desejo que se pega de deixar os dedos pelas arestas das fragas
Ficou a respiração ligeira do alívio do peso de cima
Ficou um admirável vazio azul para crescerem castanheiros
E ficou a capela como um inútil côncavo de virgem
Para dançar à roda o estrapassado e o vira
Na volta do San João d’Arga

Não sei se é bem assim em San Lourenço da Montaria
Sei que isto é mesmo assim em San Lourenço da Montaria
O resto não tem importância
O resto é que tem importância em San Lourenço da Montaria
O resto é a Deolinda
Dança os amores que não teve
Tem o fôlego do hálito alheio que lhe faltou a amolecer a carne
Seca como a da penedia

O resto é o verde que sangra nos beiços grossos de apetecerem ortigas
O resto são os machos as fêmeas e a paisagem é claro
Como não podia deixar de ser
As raízes das árvores à procura de merda na terra ressequida
Os bichos à procura dos bichos para fazerem mais bichos
Ou para comerem outros bichos
Os tira-olhos as moscas as ovelhas de não pintar
E o milho nos intervalos

Todas estas informações são muito mais poema do que parecem
Porque a poesia não está naquilo que se diz
Mas naquilo que fica depois de se dizer
Ora a poesia da Serra d’Arga não tem nada com as palavras
Nem com os montes nem com o lirismo fácil
De toda a poesia que por lá há

A poesia da Serra d’Arga está no desejo de poesia
Que fica depois da gente lá ter ido
Ver dançar a Deolinda
Depois da gente lá ter caçado rãs no rio
Depois da gente ter sacudido as varejeiras dos mendigos
Que também foram à romaria

As varejeiras põem as larvas nos buracos da pele dos mendigos
E da fermentação
Nascem odores azedos padre-nossos e membros mutilados

É assim na Serra d’Arga
Quando canta Deolinda
E vem gente de longe só para a ouvir cantar

Nesses dias
as larvas vêem-se menos
Pois o trabalho que têm é andar por debaixo das peles
A prepararem-se para voar

Quanto aos mendigos é diferente
A sua maneira de aparecer
Uns nascem já mendigos com aleijões e com as rezas sabidas
Do ventre mendigo materno
Outros é quando chupam o seio sujo das mães
Que apanham aquela voz rouca e as feridas
Outros então é em consequência das moscas e das chagas
Que vão à mendicidade

Não mo contou a Deolinda
Que só conta de amores
E só dança de cores
E só fala de flores
A Deolinda

Mas sabe-se na serra que há uma tribo especial de mendigos
Que para os criar bem
Lhes põem desde pequenos os pés na lama dos pauis
Regando-os com o esterco dos outros

Enquanto ali estão a criar as membranas que valem a pena
Vão os mais velhos ensinando-lhes as orações do agradecimento
Eles aprendem
Ao saberem tudo
Nasce de propósito um enxame de moscas para cada um

Todas as moscas que há no Minho
Se geraram nos mendigos ou para eles
E é por isso que têm as patinhas frias e peganhosas
Quando pousam em nós
E é por isso que aquele zumbido de vai-vem
Das moscas da Serra d’Arga
Ainda lembra a mastigação de lamúrias pelas alminhas do Purgatório
Em San Lourenço da Montaria

Este poema não tem nada que ver com os outros poemas
Nem eu quero tirar conclusões com os poetas nos artigos de fundo
Nem eu quero dizer que sofri muito ou gozei
Ou simplesmente achei uma maçada
Ou sim mas não talvez quem dera
Viva Deus-Nosso-Senhor

Este poema é como as moscas e a Deolinda
De San Lourenço da Montaria
E nem sequer lá foi escrito

Foi escrito conscienciosamente na minha secretária
Antes de eu o passar à máquina
Etc. que não tenho tempo para mais explicações

É que eu estava a falar dos mendigos e das moscas
E não disse
Contagiado pelo ar fino de San Lourenço da Montaria
Que tudo é assim em todos os dias do ano
Mas aos sábados e nos dias de romaria
Os mendigos e as moscas deles repartem-se melhor
São sempre mais
E creio de propósito
Ser na sexta-feira à noite
Que as mendigas parem aquela quantidade de mendigozinhos
Com que se apresentam sempre no dia da caridade

Elas parem-nos pelo corpo todo
Pois a carne
De tão amolecida pelos vermes
Não tem exigências especiais
E porque assim acontece
Todos os meninos nascidos deste modo têm aquele ar de coisa mole
Que nunca foi apertada

Os mendigos fazem parte de todas as paisagens verdadeiras
Em San Lourenço da Montaria
Além deles há a bosta dos bois
Os padres
O ar que é lindo
Os pássaros que comem as formigas
Algumas casas às vezes
Os homens e as mulheres

Por isso tudo ali parece ter sido feito de propósito
Exactamente de propósito
Exactamente para estar ali
E é por isso que se tiram as fotografias

Por isso tudo ali é naturalmente
Duma grande crueldade natural
Os meninos apertam os olhos das trutas
Que vêm da água do rio
Para elas estrebucharem com as dores e mostrarem que ainda estão vivas
Os homens beliscam o cu das mulheres para que elas se doam
E percebam assim que lhes agradam
Os animais comem-se uns aos outros
As pessoas comem muito devagar os animais e o pão
E as árvores essas
Sorvem monstruosamente pelas raízes tudo o que podem apanhar

Assim acaba este poema da Serra d’Arga
Onde ontem vi rachar uma árvore e me deu um certo gozo aquilo
Parecia a queda dum regímen
Tudo muito assim mesmo lá em cima
E cá em baixo dois suados à machadada

Ao cair o barulho parecia o duma coisa muito dolorosa
Mas no buraco do sítio da árvore
Na mata de pinheiral
O azul do céu emoldurado ainda era mais bonito
Em San Lourenço da Montaria"


Moledo, Agosto de 1948




antónio pedro
antologia poética
angelus novus
1998